terça-feira, 14 de julho de 2020

Extraterrestre

Não sou de Júpiter, nem de Netuno
Não sou de Mercúrio, nem de Saturno
Não sou marciana, não sou humana
Sou do espaço, dos exilados
Dos miseráveis, dos desgraçados
Eu sou daqueles que não tem terra
Fiz a minha casa torta em uma estrela
Que a qualquer momento pode se apagar

Não se apegue aos meus olhos brilhantes
Não é aqui que eu deveria estar
Estou trancafiada do lado errado do mundo
Estou confinada nesse lugar corrupto
Presa com esses governantes, sujos, imundos
Estão me esticando, estão me expondo
Do meu sangue arroxeado estão bebendo
Acreditando que é o elixir da vida eterna
Mas para eles, meu sangue é veneno

Do meu corpo fizeram uma atração
Minha mente estável se tornou vazia
Quebrada, devastada
Como uma cidade após um furacão
Estou trancafiada do lado errado do mundo
Estou respirando poeira e me tornando radiação
Minha pele está secando e entrando em erupção
A toxicidade é o que há nessa cidade
Preciso escapar desse lugar

Aqui não há nada, não há bondade
No lar dos humanos não há humanidade
Este lugar é dos vagabundos
Dos que assistem sem empatia a vida se esvair dos moribundos
Empilham corpos nas ruas da cidade
Meus pulmões estão virando pó
E meus órgãos parando de funcionar
Injetam coisas em minhas veias e retiram de mim mais do que posso dar

Pensei que havia visto uma evolução
Aspiram de minha pele a poeira lunar
Me enganei, só há devastação
A minha mão está quebrada, porque me obrigam a escrever
Eu apenas sonho em retornar
Para a minha estrela, para o meu lar
Pois quem vive na Terra não tem mais nada pelo que esperar

Estou trancafiada do lado errado do mundo
É de mundo que chamam este planeta pequeno
Se acham os donos de tudo
Dos humanos, os humanos são o próprio veneno
Eu vivia tão bem do lado de fora
E agora estou trancada do lado de dentro
Com suas salivas correndo em meu sangue
Esperando estes vampiros decidirem o momento
Se é que vão decidir um dia acabar com o meu sofrimento

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