quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

A Poesia do Medo - Ladrão de Sonhos

Aqueles que seus caminhos cruzavam
Tinham seus sonhos roubados
Enquanto ele sonhava e sonhava
E sua linha de chegada nunca alcançava

Roubava rostos, nomes e objetivos
Roubava tudo o que em si cabia
Roubava até teu nome, por assim dizer
Roubava teus planos de vida

Não tinha sua própria identidade
Muito menos seus próprios desejos
Moldava-se ás suas vítimas
Sem ter realmente um almejo

Aqueles que seus caminhos cruzavam
Tinham seus sonhos roubados
Enquanto ele sonhava e sonhava
E sua linha de chegada nunca alcançava

A sua aparência mudava
Até seu jeito de falar
Assustava qualquer um
Como ele podia mudar

E o seu sorriso, de repente
Foi perdendo a cor
Se tornando somente um plágio
Que usava para esconder sua dor

Aqueles que seus caminhos cruzavam
Tinham seus sonhos roubados
Enquanto ele sonhava e sonhava
E sua linha de chegada nunca alcançava

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Anéis de Saturno - Pā

Entrego a ti
Todo e qualquer
Átomo do meu corpo
Porque sinto que eu já te amava
Desde a época que eu era uma estrela

Será possível que te amo
Desde tanto tempo atrás?
Porque sinto falta de coisas
Coisas estas que não vivi jamais

Sinto falta do calor
De brilhar no céu ao teu redor
Mas agora estamos em terra
E eu ainda estou em sua volta

Quando me olha é diferente
Parece que se importa
Mesmo que aqui
Eu pareça ainda mais torta

Com esse meu brilho fraco
E meu jeito bobo de ser
Parece que ainda tenho uma chance
De entregar mais um anel para você

domingo, 4 de outubro de 2020

A Poesia do Medo - A Titereira

Bela como somente ela
Carregando suas marionetes
Ela encontra seu lugar ao centro
E dela se aproximam, sem medo
Aqueles que desejam se encantar

E com toda a sua magia
Suas mãos habilidosas
Começam a trabalhar 
Que cheguem logo os atrasados
Pois o show vai começar

A Titereira já está lá
Com seus bonecos a dançar
E o seu público a sorrir
Mas mal sabe a plateia
Que uma nova marionete ela irá conseguir

Os homens vão chegando
Por ela se apaixonando
Com suas cordas ela rouba corações
E os sufoca, usando como inspirações
Transformando os amantes em bonecos
Até as mínimas imperfeições

E o amante que seu caminho cruzar
Um doloroso final irá achar
Ela teve seu coração partido
E agora dedica-se a transformar
Conquistadores em brinquedos
E assim ela irá se vingar

A Poesia do Medo - O Padecedor

Lá vem ele, caminhando
Se arrastando a passos lentos
Os sinos estão soando
E seus ouvidos estão atentos

Os violinos estão tocando
Uma bela e fria canção
Em um tom penoso e angustiante
Ideal para seu funesto coração

E aquele clima sinistro
Fúnebre, quase mortal
Lhe conforta as partes mais obscuras da alma
Traz-lhe alguma felicidade imoral

Trajado em preto ele se apressa
Antes que termine o seu evento
Aquele tão aguardado 
Aquele que lhe traz alento

O Padecedor se vai pelas sombras
A caminho da necrópole
Seu santuário pessoal
Seu sinônimo de paraíso

E aquele que o encarar
Será o próximo a sepultar
Naquele cemitério sombrio
O qual ele vai visitar

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Tentação

Ouvi tua voz
E por ela pude me guiar
Enquanto minhas mãos estavam perdidas em teu corpo
E meus olhos cobertos, sem poder enxergar

De um ponto ao outro
Passeiam os meus lábios
Sem pressa alguma de terminar
Eu quero você em minhas mãos
Por quanto tempo eu possa segurar

Esse teu brilho celeste
Me atrai para ti 
Como luz para borboletas

E eu não posso disfarçar
A hipnose em meu olhar
Quando te vejo passar
Meu corpo não tarda a reagir
De volta ao que sempre senti
Quando te ouço sussurrar

E se você soubesse
A intensidade das palavras
Que por conversa não consigo expressar
E se você soubesse
A vontade que me agarra
Quando penso em te tocar

Este anjo coberto de luxúria
Que corrompi, abrindo o portão
Quem diria que seria ela
Aquela que me faria cair em tentação

sábado, 15 de agosto de 2020

Aquela que se foi

Eu escrevi tantos poemas
Carregados de emoção
Cada um daqueles versos
Carrega um pedaço do meu coração

E mais este eu escrevo
Talvez não com a mesma sensação
Eu escrevo com receio
Nem sei se ainda tenho uma razão

Ouvi dizer que você brigou com as estrelas
Não muito tempo depois brigou com a lua também
Porque elas te levavam notícias minhas
Talvez diziam-te que eu não estava bem

Enquanto o sol se vai
Eu me ponho a escrever
Cartas de amor, esperançosas
Esperando que um dia você vá ler

Eu converso com a lua
Mas ela se recusa a aparecer
Ela me disse que você falou sobre o sol
Uma coisa ruim demais para se dizer

Todas as noites eu faço então
Pequenos aviões de papel
Jogo-os pela janela 
Mirando no seu coração

Talvez em outra vida 
Você não tenha ido embora
Talvez em outra vida
Você teria sido a minha garota

Mas eu tenho começado estas cartas com letras tristes
Para a minha querida musa
Coisas que eu não gostaria de escrever
Para aquela que se foi

A chuva nem estava tão alta assim

Eu chamei o seu nome
Enquanto a chuva caía
Mas você não podia ouvir
Ou talvez ouvisse e apenas fingia

Aquelas palavras escapando dos meus lábios
Eu simplesmente não pude me conter
Ao te ver partindo tão facilmente eu soube
Que eu nunca poderia te ter

Se essa mesma chuva
Que caiu do céu enquanto você ia
Regasse o meu túmulo
Me pergunto se alguma rosa floresceria

Eu não sei onde você está
Deve ser em algum lugar escuro
Você ainda quer que eu vá te buscar?
Por você eu iluminaria o mundo

Mas eu estou confusa
Aparentemente você não me quer por perto
Eu deveria te perguntar
Ou só fazer o que eu acho que é certo?

Estou ficando fria
E tentando me importar
Quanto mais distante você fica
Mais alto eu tento gritar

Mas a chuva não para de cair
Você poderia tentar?
Grite de onde estiver 
E eu prometo que eu vou te encontrar

Não importa o quão escuro seja
Eu não devo ter medo de você
Se eu puder salvar sua alma
Eu não tenho nada a perder

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Afogamento precoce

Eu te observo
Como se visse a mim mesmo
Em um reflexo
Sinto que estou olhando em um espelho

Guardando em meu coração
Unicamente o que não pode escapar
Imagino como seria um dia sentir
Limpa e pura, a liberdade tão próxima de mim

Havia tanta escuridão 
Escuridão esta que já não vejo mais
Rondava meus pensamentos
Me tirava toda e qualquer ação
Esta escuridão já se foi

E eu sinto que a chuva já pode cair
Eu não vou deixar mais isso me abalar
Quando a próxima enchente vier
Eu vou mostrar que aprendi a nadar

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Acabar

você quer acabar com tudo
como se fosse a solução
vá em frente e puxe a faca
antes que veja que é uma ilusão

o mundo não para
só porque você parou
se precisar de uma pausa
vão tomar o seu lugar

e o seu lugar
já tão mal ocupado por uma sombra que se passa por você
mostrando as presas para estranhos com medo de perder
o controle deste corpo tão fraco que mal pode esperar
contando os segundos para desabar

agem como se fosse errado
querer se livrar
de um barulho interno
que não dá um sinal
de quando vai parar

quero me livrar de você
te colocar em chamas
sem você perceber
eu quero você longe
mais longe do que posso enxergar
quero que desapareça
e me deixe sozinha pra queimar

não se aproxime
dê meia volta
se afaste de mim
não te quero aqui
não te quero por perto
pra me ver explodir

terça-feira, 14 de julho de 2020

Extraterrestre

Não sou de Júpiter, nem de Netuno
Não sou de Mercúrio, nem de Saturno
Não sou marciana, não sou humana
Sou do espaço, dos exilados
Dos miseráveis, dos desgraçados
Eu sou daqueles que não tem terra
Fiz a minha casa torta em uma estrela
Que a qualquer momento pode se apagar

Não se apegue aos meus olhos brilhantes
Não é aqui que eu deveria estar
Estou trancafiada do lado errado do mundo
Estou confinada nesse lugar corrupto
Presa com esses governantes, sujos, imundos
Estão me esticando, estão me expondo
Do meu sangue arroxeado estão bebendo
Acreditando que é o elixir da vida eterna
Mas para eles, meu sangue é veneno

Do meu corpo fizeram uma atração
Minha mente estável se tornou vazia
Quebrada, devastada
Como uma cidade após um furacão
Estou trancafiada do lado errado do mundo
Estou respirando poeira e me tornando radiação
Minha pele está secando e entrando em erupção
A toxicidade é o que há nessa cidade
Preciso escapar desse lugar

Aqui não há nada, não há bondade
No lar dos humanos não há humanidade
Este lugar é dos vagabundos
Dos que assistem sem empatia a vida se esvair dos moribundos
Empilham corpos nas ruas da cidade
Meus pulmões estão virando pó
E meus órgãos parando de funcionar
Injetam coisas em minhas veias e retiram de mim mais do que posso dar

Pensei que havia visto uma evolução
Aspiram de minha pele a poeira lunar
Me enganei, só há devastação
A minha mão está quebrada, porque me obrigam a escrever
Eu apenas sonho em retornar
Para a minha estrela, para o meu lar
Pois quem vive na Terra não tem mais nada pelo que esperar

Estou trancafiada do lado errado do mundo
É de mundo que chamam este planeta pequeno
Se acham os donos de tudo
Dos humanos, os humanos são o próprio veneno
Eu vivia tão bem do lado de fora
E agora estou trancada do lado de dentro
Com suas salivas correndo em meu sangue
Esperando estes vampiros decidirem o momento
Se é que vão decidir um dia acabar com o meu sofrimento

sábado, 11 de julho de 2020

A Rainha e o Bobo

Era um dia quente
Quanto percebi
Algo errado havia
Quando te vi sorrir
Veio em minha direção
Cantarolando uma canção

Foquei em teus lábios avermelhados
Quando chamou-me pelo meu nome
Como pude deixar-me levar
Pelos encantos de uma dama tão nobre?
Tocou em meus ombros e tirou do bolso o meu lenço acizentado
Tão colorido era quanto a minha alma

Encostou o pano em minha face
Limpando as lágrimas desenhadas em azul
Minha pele estava tão menos pálida
Quando tirou minha maquiagem
Deixando apenas o vermelho do meu batom
Que logo se juntou com o teu

Tua pele agora estava brilhando
Do teu beijo sobrou somente
O ouro que ficou em meus dentes
E em minha pele o perfume caro que mandou importar
E novamente vim a mim mesma perguntar
Como pude me deixar levar?

No dia seguinte fui a tua sala
E foi tão incomum, tão singular
Quando habitualmente curvei-me em tua presença
Retirando do bolso o lenço acinzentado
Que agora aparecia manchado
Pelas lembranças do dia anterior

E além do cinza veio o violeta
Veio o azul, veio o verde, veio o vermelho
Vermelho como teus lábios e como os meus também
Vermelho como o meu nariz 
Que todos os dias espera ganhar a tua risada
E talvez eu tenha ido além

E quando a lua chegou ao céu
Viestes até o meu quarto
Sussurrando a tua canção
O bobo da corte de verdade era bobo
Pois como pôde por um momento pensar
Que a rainha se apaixonaria por um palhaço

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Escultor de musas

Eu te eternizei em versos, minha musa
Eu te esculpi em palavras douradas
Eu desenhei meu coração
E fiz dele a tua morada

Pena que se foi 
Aquele olhar
Aquela voz
O seu olhar

Eu procuro na sua alma
Aquela que para sempre vou amar
Ainda está ai?
Juro, ainda vou te encontrar

O que a fez duvidar?
O mesmo que a fez fingir
O que a fez fugir?
O mesmo que a fez ficar

O que me faz ficar me faz querer fugir
Não sei a razão
Mas algo me diz que você também se sente assim
O que acontece com seu coração?

Quem me dera poder deslizar
Para dentro da sua mente e olhar
O que se passa lá dentro
Duvido que você queira ficar

Mas por que não fala a verdade?
O que esconde de mim?
Eu quero saber e depois me vou
Só que as coisas não precisam ser assim

Me diga a verdade e não fuja
Deixe esta parte comigo
Mas aonde quer que eu vá
Uma parte minha, meu coração, sempre estará contigo

Desencontro

 Me desencontre nas nuvens, querida
Passe correndo por mim
Desapareça na multidão antes que eu possa te tocar
Por segundos de diferença nunca vamos nos encontrar

Quem é você?
Do que você corre?
O escuro te assusta?
Por que foge das minhas perguntas?

A chuva é tão ácida
Que corrói sua face
Destrói sua identidade
Ninguém pode impedir

Esses desencontros
Continuarão até quando?
Posso dizer que estou evitando?
Eu só estou me protegendo

Eu prometi para mim mesma
Que se você mentisse para mim
Eu não seria um bebê chorão
Mas isso foi antes
Antes de você ter como refém o meu coração

Por que o segura a essa distância segura?
Você não me ama, não tente negar
Sabe que se continuar esticando essa farsa
Eu serei a única a me machucar

Eu não sei do que você foge
Mas eu ando fugindo de tudo
Não sei se estou tomando a decisão certa
Estou com medo de esquecer de ser alerta

Estou com medo de te perder
Estou com medo de me perder
Entre mim e você
Quem eu devo escolher?

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Para onde foi?

 lá vou eu
de volta às cinzas
o início
depois do fim

quem sou eu?
que faço aqui?
fui quebrada?
me destruí

onde foi?
aquele amor?
aquela dor?
aquele amor?

onde foi?
para onde?
cadê a luz?
para onde foi?

cá estou eu
quebrada
destruída
amargurada

para onde foi
aquele amor
aquele amor
que já foi meu?

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Diálogo

Eu vou fugir
Eu vou correr
Eu vou sumir

Mas para onde vai?

Para a lua
Na poeira lunar
Ninguém vai me encontrar

Quando vai?

Agora, talvez
Amanhã, talvez
Para sempre, talvez

Quando voltará?

Por que se importa?
Por que se importa com uma garota quebrada?
Eu não sei se voltarei

Estarei aqui quando voltar

Você poderia vir comigo
Até onde a gravidade não alcança
Você sempre poderá vir comigo

A lua não é um lugar para mim

Não é lugar para ninguém
A lua é o lar dos quebrados
A lua é para aqueles que não podem ver além

Eu ainda estarei aqui quando você voltar

Então voltarei
Voltarei, mesmo quebrada
Pois há alguém por mim aqui

terça-feira, 26 de maio de 2020

Chiclete

Você mastiga meu coração
O está cuspindo como chiclete velho
Meu gosto ainda está na sua boca
Enquanto você sussurra o nome dela

Eu deveria dizer alguma coisa?
Deveria deixar óbvia a minha frustração?
Você não é minha, de qualquer forma
E logo estou caindo novamente em seus braços

Você me liga, quer uma companhia?
Eu não quero falar com você, mas atendo mesmo assim
Por que eu te trato dessa forma, afinal?
Eu nem ao menos sei se você quer a mim

Estou correndo para longe 
E quanto mais longe eu vou mais perto eu chego
Eu fecho os meus olhos e lá está você
Sussurrando todos os nomes menos o meu

As madrugadas são nossas, querida
Mas você não é minha e eu não sou sua
Eu queria que você fosse minha
Afinal, talvez eu já seja sua

terça-feira, 19 de maio de 2020

Erro meu

 Eu toco em sua mão
Você está virando poeira na minha frente
Eu fiz algo de errado ou não?
Ouvi dizer que nossos olhos não mentem

Por que você está indo?
Você perdeu o interesse ou algo assim?
Seja como for
Se você não quiser eu não posso te manter pra mim

Continuo procurando você na escuridão
Isso é um erro meu?
Eu não sei explicar a razão
Mas o meu coração continua procurando o seu

Dói quando eu não te encontro
Mas eu não vou reclamar
A culpa é minha de qualquer forma
Isso não significa que a dor vai parar

Talvez seja melhor dessa maneira
Saia da minha mente
Ela já está quebrada, não?
Está tudo bem, eu não vou mais tentar

Quando o relógio bater meia noite
Eu não estarei mais aqui
E onde estarei?
Só os espíritos sabem

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Esconderijo

Há algo diferente, de fato
Na maneira como ruiu o mundo sob seus ombros
Sem dar indícios, sem alertar
Simplesmente ruiu

Aquela cidade era tão grande e tão vazia
Mas naquela noite havia algo diferente
Algo distinto na maneira da lua brilhar

Uma chuva fina molhava seus sapatos enquanto caminhava
A luz fraca dos postes mal era suficiente para iluminar seu caminho
Sentou-se no banco de madeira que já estava também molhado pela chuva

Olhou para cima, as estrelas continuavam lá
A lua continuava brilhando de sua maneira intensa
A chuva continuava caindo, as coisas continuavam normais
Apesar de o mundo ter caído em seus ombros

Mas ela não enxergava dessa maneira
As coisas haviam perdido um pouco de sua cor
Tudo parecia diferente, deturpado, doloroso

Para onde fora a felicidade?
Para onde fora o brilho?
Para onde fora toda a cor que ela sabia em seu coração que o mundo tinha?
Desconhecia o esconderijo, mas estava disposta a encontrar

Os corvos levaram tudo que eu tinha

Os corvos levaram tudo que eu tinha
Eu só queria saber o motivo
De tirarem toda a minha harmonia
E largarem o meu corpo pálido em sua melancolia

Estou em ruínas como a minha mente
A noite fria corta minha palma
O sangue escorre de minha testa como as lágrimas em meus olhos
Os corvos levaram tudo o que eu tinha

Enquanto voam zombam
Crocitam acima da minha dor
Eles levaram tudo o que eu tinha
Malditos sejam os corvos que levaram tudo o que eu tinha

Em fragmentos me observo de cima
O que sou agora, afinal?
Não há mais cortes em minha palma
Pois eles levaram tudo o que eu tinha

Como puderam?
Me deixar sem nada
Afogada em um poço
Enterrada na areia
Virando fumaça na neblina

Eles levaram tudo o que eu tinha
Levaram todos
Todos são corvos
Todos levaram tudo o que eu tinha

Os corvos levaram quem eu era
Os corvos levaram tudo o que eu tinha
Tudo o que eu tinha era a mim mesma
Os corvos me levaram de mim

Deixar você ir

Estou indo em sua direção
Mas para onde você vai?
Eu não sei, eu apenas sigo
Você sabe que estou atrás de você?

Acho que eu deveria te deixar ir
Eu deveria?
Meu coração bate tão forte
Não sei se você pode ouvir

Eu vou te deixar ir
Vou mesmo?
Você pode ir embora da minha vida
Mas irá do meu coração?

Eu estou me partindo em pedaços
Leve ao menos um pedaço de mim com você
Me deixe viver em sua memória
Prometa que irá lembrar-se de mim

Você estava longe demais para ouvir
Ou será que pôde ouvir?
Ouvi dizer que você se enganou
E eu direi a verdade

Talvez fosse melhor ter ficado em silêncio
Eu sou um farol quebrado?
Desculpe se te fiz ver o que não queria
Poderia ter lhe deixado enganar?

Não, eu fiz o certo
Mas o certo nem sempre é bom, certo?
Você correu para não poder ouvir minha voz
Mas eu sempre estive na sua mente, não?

Espero que tenha sido feliz
Espero que tenha encontrado outro farol
Um não tão defeituoso quanto eu
Mas você não pode substituir as estrelas

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Anjo

Ela é como um anjo, o anjo mais puro dos céus
Oh, aquele sorriso que me quebra e me reconstrói ao mesmo tempo
A felicidade que me invade quando olho para sua foto mesmo sabendo que ela não pode ver

Ela é como uma obra de arte, a mais bela de se apreciar, a que faz bem não somente para a vista
Seus olhos são as estrelas mais bonitas que me guiam até na noite mais escura e perversa
As criaturas nefastas das trevas não podem me tocar

Estou protegida pela sua aura, pela sua presença, pela sua voz
Você me dá um brilho especial, improvável e inédito
Então, de todo o meu coração eu peço
Deixe-me brilhar para você

Omissão de socorro

Eu olho pro agora Procuro fantasmas do passado E só vejo os do futuro Você nem vai estar mais aqui quando eu acordar Eu sei, porque eu já de...